Frei José Roney,OFM (Noviciado)

                A vida é um contínuo processo de evolução da raça humana rumo a sua realização pessoal. A dinâmica da busca move o homem, mistério em si mesmo a um mistério ontológico ainda maior, o seu “ser no mundo”, bem como o seu fim último quanto ser plasmado ou não por Deus que, no entanto, precisa ser superado.
                Se o homem do futuro ainda é um projeto, justifica-se o pensar utópico presente em todas as culturas, o desejo de plenitude que sempre motivou os propósitos humanos, a esperança como estrutura existencial do homem.
                O sonho de uma terra sem males, sem ódio ou dor, desalienada desemboca na utopia maior. A humanização do mundo, mediante o emergir do homem novo, o saber, vislumbrado deformicamente nas possibilidades da manipulação genética.
                A morte, porém, desde sempre fez frustrar as expectativas humanas de realização pessoal e cósmica. O homem teme a morte, ou melhor, a idéia que se criou a respeito dela. Por isso, cedo na história, houve tentativas de superá-la, negá-la ou redimencioná-la, sobretudo nas civilizações mais antigas.
                O homem nunca se conformou com a sua finitude, ele queria mais, a imortalidade. Porém, sua obsessão pela perpetuidade e o demaseio em ocupar-se de burlar (ou buscar), senão banir a morte acabou, pois lhe tirando o enfoque da vida, ao passo que a mesma se lhe tornou um mero ato de sobreviver a qualquer custo, uma existência vazia desprovida de qualquer sentido.
                Mas esse por ventura o referido “homem novo”, aquele pelo qual haveria de se realizar todos os meios de plenitude, de paciência total do ser e de reconciliiação com Deus e com o mundo, ainda que não se acredite em Deus, já tivesse emergido na história? Novo sentido teriam nossas buscas? Veríamos mais claro o futuro da humanidade? E a morte? Seria ela, além da iminente meta de nossa existência, o início de uma realidade inédita fecunda de ressurreição? Como se pode ver, mais que respostas, o suposto homem novo suscita perguntas, questionamentos e inquietações.
                A fé cristã afirma que Jesus é este homem novo que irrompeu no tempo e que por sua paixão, morte e ressurreição revelou o homem a si mesmo. Todavia, crer nessa verdade de fé constitui algo opcional, uma vez que o ser humano é livre para fazer suas escolhas e nelas conferir sentido ao mundo que o cerca e a sua existência no mesmo.
                O homem novo, porém, foge a esses critérios facultativos. Ele é uma necessidade antropológica latente, especialmente em face da crescente violência social, política e ambiental que tem ameaçado o equilíbrio biológico em nosso planeta. Se ele ainda não nasceu, terá que fazê-lo, se já o fizera. Urge que ele seja reconhecido ou mesmo imitado, para que a humanidade, toda ela também se renove; afinal, todos os caminhos convergem para ele, o da vida, o da morte, e porquê não dizer, o da ressurreição...
Elo Fraterno